Mulheres que estampam o cotidiano 

Eraldo Leandro 

Estudante de Licenciatura em Artes Plásticas 4º periodo - Escola Guignard/ UEMG 

O céu é azul, algumas árvores e prédios, assim é Belo Horizonte. Como em qualquer capital a vida de seus habitantes é muito agitada principalmente na região central onde a pressa é prioridade de muitos. Entretanto, duas mulheres de atitudes vêm dominando cada vez mais as ruas da capital mineira, rompendo a ideia de que lugar de arte é nas refinadas galerias e o lugar de moda é nas passarelas das inúmeras semanas de moda realizadas em diversas parte do mundo. 

Com o sonho de fazer uma moda mais igualitária e democrática, a estilista Lorena Santos criadora da marca independente Lolita Az Avessas, chegou ao mercado com o objetivo de criar peças mais urbanas e despojadas, ou seja, confortáveis. Todas as peças passam por um processo de criação um tanto musical, em sua playlist vai de Sabotagem a Elza Soares, passando por Pixinguinha. O resultado desse delicioso processo de criação é entregue em mãos, nada de esperar na janela o carteiro entregar a encomenda. A própria Lorena se encarrega e faz questão desse contato com cliente e acha de extrema relevância essa atitude, segundo ela é o momento de afinar mais a relação, saber sobre o cliente e o calor humano que é importantíssimo para seu trabalho, já que seus produtos vão atender pessoas. 

Se você tem a ideia que crochê é coisa da vovó, sentada em sua cadeira de balanço produzindo roupas para os netos ou fazendo diversas peças para utilidades domésticas, a artista plástica Prisca Paes, em seus trabalhos, vem descontruindo essa ideia e provocando as pessoas através das suas interversões urbanas. Muito disciplinada, seu processo de criação começava bem cedo, às 8hs, logo depois de um café. Em seu ateliê se concentrava para elaborar as letras de crochê, pouco maior de um metro cada uma, letras essas que formam palavras que se relacionam com o lugar no qual estão sendo instaladas. Na hora de instalar o companheiro, e agora esposo, dá aquela força. Depois do crochê, Prisca vai direto para a serigrafia no projeto “Mulheres Que Somos”. Inspirada no livro “Mulheres que Correm com os Lobos” a artista instala em diversos postes espalhados na cidade no estilo lambe-lambe mulheres que provocam e intrigam por sua audácia e pelo significado a todos que em meio a correria se esbarra por um rápido olhar. 

Seja pela moda ou nas artes plásticas, as amigas Lorena e Prisca estão espalhadas pelas ruas da nada singela Belo Horizonte, conquistando os olhos e chamando atenção de antigos e novos mineiros que por ali passam distraídos.